A construção de um texto argumentativo tem se mostrado uma tarefa nada fácil para a maioria daqueles que, necessariamente, precisam se utilizar da argumentação como forma de trabalho ou até mesmo para a construção de uma redação escolar. No entanto, o fator que mais agrava essa questão é a falta de entendimento de como desenvolver uma argumentação e dos elementos que favorecem a execução dessa tarefa.
Sabe-se que a prática de leitura não só do assunto sobre o qual se precisa escrever como também reconhecê-la como parte de nossas práticas cotidianas facilita a execução da tarefa de argumentar. Afinal, sem leitura, torna-se impossível desenvolver um bom perfil de texto ainda que haja o conhecimento das técnicas que facilitam a escrita.
No âmbito jurídico, a prática de escrita precisa ainda mais ser desenvolvida não só como instrumentalização para a prática do Direito mas também como o que destaca o profissional, proporcionando um diferencial para o exercício da profissão. Faz-se necessário, assim, refletir sobre a construção de textos argumentativos de uma forma geral, visto que a realidade da maioria dos alunos tanto da Educação Básica como do Ensino Superior se dá não só no que concerne à construção da argumentação como também da deficiente prática de leitura.
Incontestavelmente, toda argumentação objetiva a adesão a um ponto de vista. A sua eficiência, no entanto, está na ênfase a essa adesão. Atrelada à literatura, pelo juízo de valor que busca estabelecer, a argumentação do discurso epidíctico busca o reconhecimento de valores e, de uma forma lisonjeira, evidenciar e promover a comunhão do auditório. Nesse sentido, Perelman e olbrechts -Tyteca (2005, p. 56) defendem que “a argumentação do discurso epidíctico se propõe a aumentar a intensidade da adesão a certos valores, sobre os quais não pairam dúvidas quando considerados isoladamente, […]”
Em nossa prática pedagógica, temos observado que uma das maiores dificuldades dos alunos está não só em iniciar como também em desenvolver um texto. Desse modo, quando se trata de um texto argumentativo, o início e o desenvolvimento de uma argumentação tornam-se um problema visto que a argumentação se faz presente em todo o texto de modo que não saber construí-la impede a atuação desse aluno no contexto social. Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005) esclarecem que início e o desenvolvimento da argumentação parte do acordo do auditório e que esse acordo tem como objeto os fatos, as verdades e as presunções.
Nesse sentido, os fatos são entendidos como limitados e as verdades, complexas. Em contrapartida, a presunção está relacionada ao normal e ao verossímil. Podemos concluir, assim, que os acordos de que dispõe o aluno, além da seleção e da interpretação de dados se constituem para a tarefa de produção textual como ferramentas importantes na construção da argumentação. Precisamos construir uma geração de leitores–alunos e não somente de alunos-leitores a fim de que haja a mudança do perfil de profissionais nas várias esferas sociais.